quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A QUESTÃO RELIGIOSA





A questão religiosa




As tensões entre o Império do Brasil e a igreja tiveram origem nas novas diretrizes do Vaticano, fixadas por Pio IX em 1864 nas bulas Quanta Cura e Syllabus errorum, que condenavam as liberdades modernas, reafirmando o predomínio espiritual da Igreja no mundo. No Brasil, tais mudanças causaram um choque de interesses entre o alto clero, que passou a adotar uma postura ultramontana - romanização do catolicismo - e o Estado.

O ponto máximo do conflito ocorreu entre 1872 e 1875, em meio ao confronto entre o episcopado e a Maçonaria, que resultou na prisão dos bispos de Olinda e Belém.

A Constituição de 1824 havia mantido o Padroado, sistema pelo qual as iniciativas da igreja dependiam da aprovação e dos recursos do Estado.

No entanto, por volta de 1850, uma nova geração de eclesiásticos, formada de maneira mais rigorosa e influenciada pela presença de missionários estrangeiros, passou a ver essa atuação do Estado como um obstáculo à propagação da religiosidade mais espiritualizada e da moral mais estrita de que estavam imbuídos, assumindo uma posição ultramontana, que a colocava diretamente sob a direção da Santa Sé, na busca de uma romanização da Igreja no Brasil.

No período colonial, coube à coroa portuguesa a iniciativa de enviar missões católicas para o Brasil, mantendo-as sob sua jurisdição. Caracterizou-se este catolicismo pelo seu aspecto laical, organizado em irmandades.

Com a bula papal, Pio IX insistia sobre a autoridade suprema da igreja sob a sociedade, condenando enfaticamente a Maçonaria.

No Brasil, desde a independência, a Maçonaria era importante espaço de sociabilidade das elites, congregando em seu meio, inclusive, eclesiásticos.

Em março de 1872, a Grande Oriente do Lavradio, loja maçônica do Rio de Janeiro, escolheu o padre Almeida Martins como um dos oradores da sessão de homenagem ao grão-mestre visconde do Rio Branco, para celebrar a assinatura da Lei do Ventre Livre. Publicado o discurso na imprensa, criou-se enorme escândalo, o que levou o bispo D. Pedro de Lacerda a suspender o eclesiástico, sob os protestos dos maçons, que viam na punição uma interferência de Roma nos assuntos internos do Brasil.

Dois meses depois, tomava posse na Sé de Olinda, escolhido por D. Pedro II, D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira.

Formado em um seminário francês, já no novo espírito ultramontano, passou a aplicar o espírito reformado em sua diocese. D. Vital temia também a crescente atividade de missionários protestantes, que desde 1830 percorriam a província, distribuindo bíblias e folhetos, os quais ao seu ver, estavam unidos aos maçons, num complô contra a verdadeira religião.

Em fins de 1872, uma circular do bispo proibiu a participação de eclesiásticos em qualquer cerimônia maçônica.

Como represália, uma loja convocou a celebração do dia 21 julho como uma da mais auspiciosas para a humanidade, relembrando a data em que no ano de 1773 a congregação dos jesuítas fora suprimida.

A coisa ia neste pé, quando um jornal maçônico publicou artigos de um protestante, discutindo a perpétua virgindade de Nossa Senhora.

D. Vital lançou então um interdito sobre duas capelas de irmandades que se recusavam a expulsar os confrades maçons.

Em maio de 1873, D. Vital suspendeu o deão da catedral, a segunda pessoa em importância na hierarquia da igreja local, conhecido regalista e próximo da maçonaria. O fato levou ao saque da tipografia dos jesuítas e a morte de um sacerdote com uma facada.

Temendo a queda do gabinete conservador, a coroa procurou conter D. Vital, ordenando-lhe que levantasse o interdito lançado sobre as irmandades que abrigavam maçons.

D. Vital recusou-se.

Indiciado pelo Supremo Tribunal de Justiça, D. Vital foi preso em 2 de janeiro de 1874, e enviado para o Rio de Janeiro, onde foi julgado a partir de fevereiro, juntamente com D. Antonio de Macedo Costa, bispo do Pará.

Ambos foram condenados à pena de quatro anos com trabalhos forçados, o que causou grande comoção.

Várias províncias dirigiram abaixo-assinados, que totalizaram cerca de 100 mil assinaturas, à Câmara dos Deputados.

Apesar de encerrada com a comutação da pena pelo imperador e a anistia concedida aos bispos, a Questão Religiosa acirrou a discussão da relação entre o poder secular e o espiritual. Para os fiéis tocados pelo ultramontanismo, majoritariamente urbanos e alfabetizados, a prisão dos bispos indicou o caráter arbitrário das instituições, distanciando-os do regime. Para a grande massa da população, ainda presa à religiosidade antiga, aquilo tudo fora uma impiedade.

6 comentários:

  1. Olá, sou historiador e estou fazendo um trabalho mais a fundo sobre a questão religiosa, no meu blog coloco um pequeno esboço do que pretendo dar continuidade, estou ainda em busca de documentos etc, se souber de algo que possa ajudar por favor gostaria de manter contato.

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  2. O padroado sufocava a Igreja, a lei da mão morta tomavam os seus bens e os maçons infiltrados minavam sua atividade missionária. A queda da monarquia também está ligada à maçonaria. Dentro do segredo maçônico se conspirou e muito a queda do império. Infelizmente o império escolheu muito mal os seus aliados.

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    1. Gostaria que alguem me esclarecesse vejo os membros da familia real brasileira em especial o principe bertran que é o mais ativo,fala sempre em suas palestras pelo brasil sobre ás perseguição contra os cristões e as investidas de governos contra sagrada estrutura da familia normal em grande maioria tem envolvimento da maçonaria e comunistas nesses aspecto são iguais os dois. Por outro eu nunca vê o principe ou outros da familia real em palestras ou entrevistas em videos na internet, falando sobre maçonaria e condenando,pois todo mundo sabe que a maçonaria que derrubou o imperio de D. pedro 2 e que implantou a desgraça do brasil do 15 de novembro. Gostaria que alguem me esclarece a posição do principe e da familia real brasileira sobre isso? O que adianta fala sobre perseguição contra os cristões e as conspirações do mal se o principal é falar, alertar e combater essas sociedades secretas que não tem nada de luz é pura trevas mesmo kk.

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  3. Concordo com vc Giovane. Prova disso é não há mais monarquias católicas. Só restaram as protestantes. Entender a queda das monarquias e a ascensão das republicas nos países católicos é entender o papel da maçonaria. desconfio inclusive que a omissão dada nas pesquisas históricos sobre esse tema seja uma censura velada da maçonaria

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  4. Gostaria que alguem me esclarecesse vejo os membros da familia real brasileira em especial o principe bertran que é o mais ativo,fala sempre em suas palestras pelo brasil sobre ás perseguição contra os cristões e as investidas de governos contra sagrada estrutura da familia normal em grande maioria tem envolvimento da maçonaria e comunistas nesses aspecto são iguais os dois. Por outro eu nunca vê o principe ou outros da familia real em palestras ou entrevitas em videos na internet, falando sobre maçonaria e condenando,pois todo mundo sabe que a maçonaria que derrubou o imperio de D. pedro 2 e que implantou a desgraça do brasil do 15 de novembro. Gostaria que alguem me esclarece a posição do principe e da familia real brasileira sobre isso? O que adianta fala sobre perseguição contra os cristões e as conspirações do mal se o principal é falar, alertar e combater essas sociedades secretas que não tem nada de luz é pura trevas mesmo kk. Agora mudando de assunto dos comentarios acima do giovane,o principal simbolo da republica já responde tudo é uma mulher que está mais para uma deusa oculta do que graça de deus,mas na verdade significa isso mesmo tem uma simbologia oculta e de trevas mesmo.

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  5. SE ESSA TAL DE MONARQUIA FOR APOIADA POR MAÇONS,EU JURO QUE
    NÃO LHE DAREI MAIS ATENÇÃO.QUERO SABER DA VERDADE AGORA! PORQUE
    ELA NÃO FALA MAU DA MAÇONARIA?

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