sábado, 19 de setembro de 2009


RAMO DE VASSOURAS


Quando do levantamento do banimento da família imperial no Brasil (1922), D. Pedro Henrique tinha apenas treze anos e não teve condições de permanecer no Brasil. Só voltaria ao Brasil no final da segunda guerra mundial.
Sendo órfão e com apenas treze anos de idade, D. Pedro Henrique, apesar de também ter passado pelo Brasil em 1922, resolve voltar à Europa, o que muitos acreditam ser por razões financeiras, só voltando ao Brasil depois da guerra, já casado e com quatro filhos. Curiosamente D. Pedro Henrique registrou seu quatro primeiros filhos, D. Luiz, D. Eudes,D. Bertrand, e D. Isabel, como cidadãos franceses. Só muito mais tarde estes passaram a adotar a cidadania brasileira.

No seu retorno ao Brasil, instalou-se inicialmente no Palácio do Grão-Pará em Petrópolis, recebendo de um amigo doação de uma casa no Rio de Janeiro onde se instalou.
Após as pendências judiciais com seu primo D. Pedro Gastão em razão da Cia. Imobiliária de Petrópolis, tendo vencido o segundo, D. Pedro Henrique vendeu a casa no Rio de Janeiro, e com a ajuda de amigos comprou uma fazenda em Jacarezinho no Paraná.
Nesta fazenda nasceram seu outros oito filhos, num total de doze. Depois mudou-se para Vassouras, no Estado do Rio de Janeiro. Até a sua morte em 1981, D. Pedro Henrique reuniu a sua volta grande parte dos monarquistas brasileiros.
As dificuldades financeiras de D. Pedro Henrique ao longo de sua vida, fizeram com que este fosse ajudado por Plínio Correia de Oliveira, fundador da TFP, organização reacionária e de extrema direita.
Talvez como gratidão ao Dr. Plínio Correia de Oliveira, ingressou seu terceiro filho na entidade, D. Bertrand, tendo mais tarde o próprio D. Luiz ingressado nessa entidade.
Considerando-se válida a renúncia de D. Pedro de Alcântara, D. Luiz é considerado o herdeiro ao trono brasileiro, tornando-se chefe da Casa Imperial Brasileira.
D. Pedro Henrique, ainda na fazenda de Jacarezinho, reuniu seus filhos e os conclamou que dedicassem suas vidas ao restabelecimento da monarquia, fazendo um pedido especial a D. Luiz e D. Bertrand, que não se casassem para melhor se dedicarem a esta missão.
Os dois príncipes tem seguido as ordens paternas. A sucessão dinástica recairia assim em D. Antonio, casado com a princesa Cristine de Ligne, tem quatro filhos.
O fato é que a ligação dos príncipes com idéias e entidades ultra-reacionárias, fizeram com que este ramo caisse num total desprestígio na sociedade brasileira.
Fica assim criado um impasse, pois a legitimidade dinástica, não é somente essencial a monarquia, mas antes de tudo é a própria monarquia.
Segundo os defensores do ramo de Vassouras, D. Pedro Gastão e o ramo de Petrópolis estariam excluídos da sucessão.
Por outro lado, quando da restauração de uma monarquia, uma decisão constituinte inicial permite que se escolha um príncipe que não seja o sucessor natural e imediato do último monarca, desde que esta escolha se mantenha dentro da linha regular de sucessão, ou ao menos no âmbito da dinastia.
Outro aspecto a se considerar, é que o Diretório Monárquico Brasileiro, no início do século XX, entendeu a renúncia de D. Pedro de Alcântara prematura. Segundo o Diretório esta renúncia só precisaria ter acontecido, quando do restabelecimento da monarquia no Brasil, precisando ser homologada pelo Parlamento, nos termos da Constituição de 1824. O visconde de Ouro Preto, o Conselheiro João Alfredo e o Conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira disseram isto explicitamente à princesa Isabel. Portanto, para muitos a renúncia não foi válida.
Quando do plebiscito de 1993, onde a população escolheria a forma e o sistema de governos, essa divisão no seio da Família Imperial brasileira, associada a questão de que um dos ramos tinha fortíssimas ligações com organizações de extrema direita, esvaziou o movimento. Não havia um candidato que representasse o ideal monárquico, e a luta entre os dois ramos pela questão da legitimidade afastou o cidadão daquilo que realmente mais interessava: a discussão sobre as vantagens de uma forma de governo sobre a outra.
Enquanto os monarquistas brigavam entre si, os republicanos presidencialistas se uniram, e passaram a defender a idéia de que o retorno a monarquia seria um retrocesso para o país. O fato de um dos ramos estar ligado a TFP foi amplamente divulgado e teve um efeito devastador no âmbito dos que estavam ainda em dúvida entre uma forma de governo e outra.
O deputado Cunha Bueno, um dos líderes do Movimento Parlamentar Monárquico, propôs uma reunião do dois ramos, que permitisse a formação de uma frente única com a apresentação de um único pretendente. Realizou-se essa reunião em Brasília em fins de 1992, na residência do Dr. Dario Abranches Viotti, juiz federal aposentado.
Nesta reunião Cunha Bueno levou a proposta que parecia ser a solução para todos os problemas: D. Pedro Gastão e seu descendentes renunciariam aos seus direitos de sucessão em favor de D. Antonio. Por outro lado D. Luiz e D. Bertrand renunciariam em favor de seu irmão.
A proposta não foi aceita e os resultado foi a derrota da causa monárquica no plebiscito.








5 comentários:

  1. Seria possível monarquia no Brasil?
    Não sei, da maneira em que vivemos e sem educação seria um caos e talvez um regresso ao feudalismo.

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  2. Caro amigo, excelente matéria.

    SOu convicto monarquista, embora ache que este regime já não tenha mais espaço em nosso país.

    Se não bastassem as dificuldades naturais como a falta de conhecimento do povo, a inexistencia de um forte vinculo nacional e a infiltração de "ideologias" no movimento monarquico; ainda há a divisão da familia Imperial.

    Hoje o melhor representante do nosso ideial é o saudoso Dom Joaozinho.

    AVe Impe´rio do Brasil !

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  3. Eu não considero que exista uma verdadeira questão dinástica no Brasil. Essa discussão só apareceu por culpa do Dep. Cunha Bueno que não entendeu a diferença entre o Brasil real e o Brasil de superfície, este muito mais envolvido com problemas ideológicos.

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  4. Foi uma pena que a família imperial tenha tido tantas dificuldades para se entender em um momento tão importante. O resultado, acredito eu, que seria diferente se eles estivessem unidos em torno de uma só causa.
    Acredito que a monarquia não só seria possível mas também seria a solução para o nosso país, um monarca como mediador não deixaria correr mensalões, empréstimos de mais de 280 milhões para construção de portos em Cuba enquanto nossos portos não receberam nem 1/10 desse valor. Queria eu viver em uma monarquia, mas a ganância dos príncipes derrubou nosso sonho.

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